Habenaria repens

Habenaria é um grande gênero composto por aproximadamente 800 espécies, sendo um dos cinco maiores da família Orchidaceae, e o maior de espécies terrestres.

Este gênero foi proposto em 1805, pelo alemão Carl Ludwig Willdenow (1765 – 1812), médico, farmacêutico, botânico e professor de História Natural. Caramba !!!

Em 1801, com apenas 36 anos, Willdenow foi nomeado membro da “Academia das Ciências” e professor de Botânica na então nova Universidade de Berlim.

Willdenow se interessava pela adaptação das plantas ao clima, mostrando que num mesmo clima existem plantas com características comuns. Seu herbário, que continha mais de 20.000 espécies, continua preservado e aberto para visitas na cidade de Berlim.

 

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Willdenow foi um dos mais famosos biólogos sistemáticos (taxonomistas) da história, por seu trabalho em diversas áreas da botânica e, principalmente, devido à fundação da Dendrologia (ramo da botânica que estuda as plantas lenhosas).

 

O nome do gênero, Habenaria, deriva do latim: habena, que significa “rédea”, em referência ao fato das pétalas de suas flores apresentarem longas divisões que se assemelham a este objeto.

Estas plantas são originárias das áreas equatoriais e tropicais de todos os continentes, onde vegetam em altitudes que variam desde o nível do mar até três mil metros. No Brasil são encontradas em torno de 160 espécies de Habenaria, distribuídas por todos os estados. Com a divisão do gênero Pleurothallis, Habenaria passou a ser o gênero de orquídeas com o maior número de espécies no país.

De modo geral as espécies brasileiras são terrestres ou humícolas. Entretanto, apresentam diferentes hábitos: podem ser encontradas em solos úmidos, nas matas sombrias em solos ricos em material orgânico em decomposição, em áreas ensolaradas, sobre pedreiras ou campinas, e à margem de estradas.

Agora chega de generalidades. Vou falar da planta do dia, a Habenaria repens, conhecida popularmente por “orquídea do pântano”, “orquídea flutuante” ou “aranha d’água”.

O nome da espécie, repens, deriva do latim e significa “rastejante”, em relação ao hábito desta planta.

Trata-se de uma orquídea que pode ser encontrada nas três Américas, desde o sudeste dos Estados Unidos até o norte da Argentina, em altitudes que variam desde o nível do mar até 2000 metros.

Anteriormente esta planta foi classificada como Habenaria maxillaris; Habenaria nuttallii; Habenaria palustris; Habenaria pseudorepens; Habenaria radicans; Habenaria repens var. maxillaris; Habenaria tricuspis; Mesicera repens; Orchis repens; Platanthera foliosa e Platanthera repens.

CURIOSIDADE 1:

Da Habenaria repens foi isolado um composto químico, denominado habenariol, que funciona como um inibidor digestivo para insetos, impedindo que a planta seja atacada. Ou seja, um repelente natural. Muito bom para quem habita em pântanos e terrenos alagados infetados de mosquitos.

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 CURIOSIDADE 2:

 A principal característica desta planta, que a diferencia das outras trinta mil espécies de orquídeas do mundo, é o fato desta espécie ter hábito “aquático”.

Como sabido, as orquídeas não gostam de água em demasia. As raízes apodrecem a e planta morre. Portanto, falar em orquídea aquática soa um tanto quanto ridículo. Mas, sempre existe exceção. A Habenaria repens é considerada uma planta de hábito terrestre, porém adora brejos e margens de lagos e riachos. Qualquer lugar com água estagnada. Normalmente é vista vegetando junto com aguapés.

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Como a maioria das Habenarias, a planta do dia não possui órgãos de armazenamento bem desenvolvidos como pseudobulbos ou raízes grossas. Possui apenas túberas subterrâneas. Assim, não tem como armazenar nutrientes, como fazem as outras orquídeas. Desta forma, a Habenaria repens consegue crescer e florescer apenas no período chuvoso, quando há disponibilidade de água.

Com os recursos produzidos pela nova brotação é formada uma nova túbera. A túbera anterior subsiste por algum tempo ao lado da nova, mas depois degenera. Com a chegada da seca a parte aérea seca gradualmente e morre, e a planta subsiste apenas pela túbera enterrada no solo até a estação chuvosa seguinte.

Um caule único e sem ramificações suportando entre 3 e 8 folhas finas, lanceoladas (em forma de lança) e acuminadas (pontiagudas), distribuídas em forma de espiral.

A inflorescência é fantástica. Entre 10 e 50 flores, dispostas em uma haste longa que pode chegar a 1,5 metros de comprimento. As flores tem entre 1,5 e 3cm de diâmetro, possuem esporão, e apresentam uma combinação de cores mesclando distintas tonalidades de verde e branco, formando um lindo mosaico. Cada flor se parece com um inseto alado.

Estas flores produzem um néctar viscoso, exalando um perfume noturno, suave e adocicado, visando a ação de mariposas e pernilongos, os principais agentes polinizadores escolhidos por esta planta. A taxa de polinização normalmente é acima da média dentro da família Orchidaceae, gerando muitos frutos.

Eu nunca tive esta planta em minha coleção. Porém, baseado em pesquisas e recomendações de colegas, deixo algumas dicas de cultivo:

  • Sugiro o cultivo em vaso plástico, preferencialmente fundo (como os usados para o gênero Cymbidium). Aliás, esta dica vale para o cultivo da grande maioria das orquídeas de hábito terrestre.
  • Utilize substrato composto de 50% de esfagno, 15% de areia grossa, 15% de terra preta, 10% de turfa e10% de perlite (mineral de origem vulcânico, muito utilizado em horticultura como um componente para misturas inertes e orgânicas, proporcionando uma excelente aeração do solo e uma ótima retenção de umidade).
  • Manter este substrato sempre úmido e diminuir a frequência das regas no inverno.
  • A Habenaria repens aprecia temperaturas entre 5 e 35 graus, e deve ser cultivado com sombreamento de 60%.

Normalmente floresce na primavera ou no verão, e a floração dura em média 20 dias.

Seguem fotos ilustrativas.

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IMAGENS: fonte pesquisa GOOGLE

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