Esta é a aula número 400 deste blog. Uma “aventura” que começou há quatro anos atrás como um verdadeiro passatempo e hoje toma boa parte do meu tempo laboral que, embora não seja remunerado, muito me gratifica pela aceitação e pelos elogios que tenho recebido dos leitores. Agradeço de coração aos colaboradores e amigos que me acompanham nesta jornada. Um beijo bem grandão para todos.
E para esta aula escolhi uma planta muito especial. Uma planta que julgo ser uma das mais belas orquídeas de minha coleção. Uma planta pertencente ao maior de todos os gêneros da família Orchidaceae. Uma planta de inflorescências em forma de guarda-chuva e que esbanja deslumbrantes flores com enorme poder de sedução. Enfim, uma planta sensacional que recomendo aos amigos que acompanham este blog… estou me referindo ao Bulbophyllum guttulatum…
… o pequeno Bulbophyllum malhado
Bulbophyllum (abreviatura Bulb.), com certeza é o maior e um dos mais complexos gêneros da família Orchidaceae, com mais de duas mil espécies bem diversificadas, distribuídas pelos trópicos de todos os continentes.
Bulbophyllum – Ocorrência
Imagem retirada da internet – Site: https://www.mooblo.com.br/mapa-mundi.html
Os principais centros de dispersão deste gênero são as regiões sudeste da África e da Ásia, sendo que somente na Nova Guiné podemos encontrar mais de 600 espécies. Algo próximo a 70 orquídeas deste gênero são endêmicas do Brasil, como o Bulbophyllum regnellii e o Bulbophyllum napelli, bem comuns na Mata Atlântica das regiões sudeste e sul.
Bulbophyllum – Principal reduto
Imagem retirada da internet – Site: https://www.guiageo-mapas.com/globos/terra.htm
O gênero Bulbophyllum foi criado em 1822 pelo botânico francês Louis-Marie Aubert du Petit-Thouars (1758 – 1831), quando descreveu a espécie “tipo” do gênero , o Bulbophyllum nutans.
Bulbophyllum nutans (planta “tipo” do gênero)
Imagem retirada da internet – Site: https://orchid.unibas.ch/index.php/en/?option=com_content&view=article&id=3&SearchResultID=1104591.2/Bulbophyllum/nutans/Thouars_Louis_Marie_Aubert_du_Petit/Thouars_Louis_Marie_Aubert_du_Petit&setLang=en-GB
Thouars nasceu numa aristocrática família de Bournois, e durante a Revolução Francesa ficou dois anos preso antes de ser exilado, e se estabelecer em Madagascar. Passou 10 anos estudando e coletando plantas, antes de retornar para a França com mais de 2000 espécies recolhidas nas ilhas de Madagascar, Maurícias e Reunião.
Louis-Marie Aubert du Petit-Thouars
Foto retirada da internet – Site: https://en.wikipedia.org/wiki/Louis-Marie_Aubert_du_Petit-Thouar
Grande parte destas plantas foi para o Muséum de Paris, e Thouars foi eleito membro da Académie des Sciences. Seu grande trunfo foi o livro “Histoire des végétaux recueillis dans les îles de França, de Bourbon et de Madagascar”.
Entre seus enormes legados de grande valor científico, destaque para duas obras:
- Histoire des végétaux recueillis dans les îles de France, de Bourbon et de Madagascar.
- Histoire particulière des plantes orchidées recueillies dans les trois îles australes de France, de Bourbon et de Madagascar.
Muitas plantas foram nomeadas em sua homenagem. Dentre as tantas destaco o Cirrhopetalum thouarsii, nome adotado em 1824 pelo famoso botânico inglês John Lindley para o Bulbophyllum longiflorum, descrito pelo próprio Thouars dois anos antes.
Bulbophyllum longiflorum
Foto retirada da internet – Site: https://www.aos.org/sitf-blog/bulbophyllum-thouarsii-determined-to-be-bulbophyll.aspx
Apesar da grande diversidade que as espécies de Bulbophyllum apresentam, arrisco listar algumas características típicas do gênero:
- São todas plantas que apresentam forma de crescimento simpodial e hábito predominantemente epífita.
- Normalmente possuem rizoma reptante (rasteiro), longo, ramificado e de crescimento desordenado, com raízes cobertas de tecido velame.
- Apresentam pseudobulbos normalmente de formato ovoide, distribuídos de forma bem espaçada sobre o rizoma.
- Embora não seja regra, geralmente são unifoliados.
- Requerem um bom índice de umidade.
- Em termos de flores uma grande variedade de tamanhos e formas. As inflorescências podem suportar uma única e solitária flor, ou muitas delas dispostas de formas interessantes e atraentes, como em forma de “guarda-chuvas”, “espiga” ou “leque”.
- Apresentam pétalas menores do que as sépalas.
- A sépala dorsal das espécies de Bulbophyllum são livres, e as sépalas laterais são total ou parcialmente fundidas e presas ao pé da coluna de suas flores.
- Suas flores, quando perfumadas, normalmente apresentam um aroma desagradável, propício para atrair polinizadores como moscas e besouros.
- Apresentam flores de formatos exóticos e de curta duração. Normalmente algo em torno de uma a duas semanas.
- E por último a principal das características de Bulbophylum. As espécies deste gênero apresentam labelo móvel (articulado), cuja função é derrubar o agente polinizador sobre a coluna da flor no intuito de iniciar o processo reprodutivo.
Exemplifico alguns dos itens acima citados utilizando uma foto do maravilhoso Bulbophyllum blumei:
Bulbophyllum blumei
Planta de minha coleção
Créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
E agora mais algumas fotos para mostrar alguns dos tantos e interessantes tipos de inflorescências das diversas espécies do gênero Bulbophyllum:
1 – Inflorescência em forma de “guarda-chuva”
Bulbophyllum eberhardtii
Planta de minha coleção
Créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
2 – Inflorescência em forma de “espiga”
Bulbophyllum lilacinum
Planta de minha coleção
Créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
3 – Inflorescência em forma de “leque”
Bulbophyllum rothschildianum
Planta de minha coleção
Créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
4 – Inflorescência em forma de “vagem”
Bulbophyllum falcatum
Planta de minha coleção
Créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
5 – Inflorescência em forma de racemo
Bulbophyllum gibbosum
Planta de minha coleção
Créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
6 – Inflorescência solitária e terminal
Bulbophyllum pardalotum
Planta de minha coleção
Créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
O nome deste gênero procede da latinização das palavras gregas bolbos, que significa “bulbo”, “tubérculo”, e phyllon, que significa “folha”, numa referência à forma bulbosa das folhas da primeira planta descrita, que tem folhas bastante espessas.
Por ser muito grande, com aproximadamente 2000 espécies, e pela grande diversidade de seus exemplares, o gênero Bulbophyllum foi dividido em aproximadamente 100 seções, obviamente agrupando espécies com determinadas características distintivas. Abaixo mostro tabela que preparei mostrando estas seções, e informando a quantidade de espécies inseridas em cada uma, bem como o nome da planta “tipo” (1*) de cada seção. Visando facilitar a formatação, dividi o conteúdo da tabela em 4 partes:
(1*) Tipo: na botânica a palavra “tipo” é utilizada para designar a planta utilizar para descrever um determinado grupo. Desta forma, temos planta “tipo” para o gênero, que como citado nesta aula no caso do tema de hoje foi o Bulbophyllum nutans, mas existem também as plantas “tipo” para as seções e para as espécies, que foram as plantas utilizadas como base para o trabalho descritivo.
Importante frisar que este, assim como a maior parte dos gêneros da família Orchidaceae, está passando por constantes revisões. Desta forma, dependendo da fonte de pesquisa utilizada, os dados acima citados podem variar muito. Os principais pontos de discórdia estão nas plantas conhecidas como Cirrhopetalum e Megaclinium, que alguns consideram seções de Bulbophyllum, e outros as consideram como sendo gêneros distintos. Enfim, cabe aqui uma discussão extremamente técnica que não me julgo capaz de enfrentar.
Em termos de hibridação existem muitos híbridos intragenéricos (2*), mas raros são os intergenéricos (3*) envolvendo Bulbophyllum. Acredito que o mais conhecido é o Cirrhophyllum, hibrido gerado por cruzamento envolvendo plantas dos gêneros Cirrhopetalum e Bulbophyllum. E provavelmente um dos mais conhecidos no mercado é o Cirrhophyllum Icicles:
(2*) Híbrido intragenérico: nome dado a um híbrido oriundo de cruzamento envolvendo todas plantas do mesmo gênero.
(3*) Híbrido intergenérico: nome dado a um híbrido oriundo de cruzamento(s) envolvendo plantas onde pelo menos uma delas é de gênero distinto.
E para aqueles que desejam se aventurar na arte da hibridação, informo abaixo apenas alguns dos gêneros pertencentes à subtribo Dendrobiinae, à qual pertence Bulbophyllum: Cadetia, Cirrhopetalum, Chaseella, Dactylorhynchus, Dendrobium, Diplocaulobium, Drymoda, Epigeneium, Flickingeria, Genyorchis, Jejosephia, Monomeria, Monosepalum, Pedilochilus, Saccoglossum, Sunipia, Trias e seus híbridos. Como exemplo cito o gênero Bulborobium (Bbr.), oriundo do cruzamento de um Bulbophyllum com um Dendrobium.
Imagem do cientista retirada da internet – Site: http://colegioformandoliderancas.blogspot.com/2015/02/6-ano-licao-de-casa-de-ciencias-dada-em.html
E agora a orquídea do dia, o fabuloso Bulbophyllum guttulatum, descrito em 1891 pelo botânico inglês Joseph Dalton Hooker (1817 – 1911), na ocasião com o nome de Phyllorchis guttulata.
John Dalton Hooker foi um dos mais importantes e reconhecidos botânicos do século XIX , e era filho do renomado botânico William Jackson Hooker, já abordado várias vezes neste blog, responsável pela famosa Palm House, que durante muitas décadas foi a maior estufa do Mundo.
Joseph Dalton Hooker
Imagem retirada da internet – Site: https://en.wikipedia.org/wiki/Joseph_Dalton_Hooker
Com o intuito de diferenciar os trabalhos de pai e filho, a abreviatura utilizada para Joseph Dalton Hooker é “Hooker f.”, ou “Hook. f.”, onde f = filius (filho).
Hooker f. foi um grande amigo de Charles Darwin e obstinado defensor da conhecida “Teoria da Evolução”. Ele fez inúmeras expedições botânicas por todos os continentes, e em reconhecimento por seu trabalho recebeu importantes condecorações, tais como a tão cobiçada “Medalha Real”, além da “Medalha Copley”, a “Medalha Darwin” e a “Order of the Star of India”.
Com apenas 48 anos Hooker f. foi nomeado diretor dos Jardins Botânicos Reais de Kew, e chegou ao cargo de presidente da Royal Society.
Royal Society – Logotipo
Imagem retirada da internet – Site: https://en.wikipedia.org/wiki/Royal_Society
A relação de importantes obras deixadas por ele é extensa. Destaco aqui sua monumental “Flora Antarctica”, lançada em três volumes entre os anos de 1844 e 1847, e “The flora of British India”, lançada em cinco volumes entre os anos de 1872 e 1897.
Cinco anos após a descrição desta planta, em 1896, o próprio Joseph Dalton Hooker reclassificou esta orquídea, vinculando a mesma ao gênero Cirrhopetalum, sob o nome de Cirrhopetalum guttulatum, nome que vingou por mais de um século.
A incorporação da planta do dia ao mega-gênero Bulbophyllum foi feita recentemente, em 1970, pelo botânico indiano Nambiyath Puthansurayil Balakrishnan (1935), agora como Bulbophyllum guttulatum.
Aliás, este é mais um assunto polêmico dentro da orquidologia. Muitos autores e estudiosos não aceitam esta última mudança, mantendo esta maravilhosa orquídea subordinada ao gênero Cirrhopetalum. Enfim, mais um tema que consumiu algumas horas do meu trabalho, com pesquisas e análise de argumentações, visando definir de que forma eu trataria esta planta.
Balakrishnan (abrev.: N.P.Balakr.), é um botânico reconhecido e respeitado mundialmente, principalmente quando o assunto são plantas das famílias Eriocaulaceae e Euphorbiaceae, nas quais ele é considerado uma autoridade.
Balakrishnan é uma dessas incríveis pessoas obcecadas por conhecimento. Em 1958 recebeu seu mestrado em botânica pela Universidade de Madras, na Índia, e em 1967 recebeu seu mestrado em taxonomia de plantas pela Universidade de Liverpool, na Inglaterra. Como se não bastasse, em 1972 ainda recebeu seu PhD na Universidade de Jowai, também na Índia.
Universidade de Madras, fundada em 1857, uma das mais antigas da Índia
Imagem retirada da internet – Site: https://apkpure.com/br/university-of-madras/com.universityofmadras.micmostudio
Em sua brilhante carreira Balakrishnan já publicou mais de 200 artigos e 6 livros de enorme valor científico para a botânica, entre os quais destaque especial para:
Flora of Jowai – Vol. 1 – 1981;
Flora of Tamil Nadu – 1989;
Flora of India – Vols. 1, 2 e 23 – 1993.
O nome desta espécie, guttulatum, é um epíteto derivado do latim, guttatus, cujo significado é “pintalgado”, “polvilhado”, “gotejado”, numa referência às pintas que se destacam nas sépalas e pétalas das flores desta orquídea.
A raiz da palavra guttulatum, acima citada, é guto, nome dado pelos romanos a vasos de gargalo estreito do qual o líquido é despejado gota a gota. Na antiga Roma o guto era amplamente empregado em execuções e sacrifícios, bem como para armazenar óleos, tanto para culinária como para banhos.
Imagem de Asterix e Obelix retirada da internet – Site: https://www.plural.jor.br/colunas/francisco-camargo/que-falta-faz-a-dupla-asterix-e-obelix/
Imagem do romano sentado retirada da internet – Site: https://asterix.fandom.com/fr/wiki/Gracchus_Nenjet%C3%A9pus
Entrando na área de taxonomia, a planta do dia está inserida na seção Brachyantha de Bulbophyllum, que tem como planta considerada “tipo” o Bulbophyllum umbellatum. Apenas por curiosidade a seguir mostro a classificação completa desta orquídea:
Esta seção é composta por aproximadamente 26 espécies e, entre elas, figuram algumas plantas bem conhecidas aqui no Brasil, como as listadas a seguir:
- Bulbophyllum aureum
- Bulbophyllum elatum
- Bulbophyllum japonicum
- Bulbophyllum kaitiense
- Bulbophyllum lasiochilum
- Bulbophyllum muscicola
- Bulbophyllum seidenfadenii
- Bulbophyllum thaiorum
- Bulbophyllum umbellatum
- Bulbophyllum violaceolabellum
Ilustro com foto de Bulbophyllum lasiochilum de minha coleção:
Bulbophyllum lasiochilum
Planta de minha coleção
Créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
Abaixo cito algumas das principais características das espécies que compõem a seção Brachyantha de Bulbophyllum:
- Apresentam rizoma rastejante.
- Seus pseudobulbos são monofoliados.
- Suas inflorescências são do tipo umbela (4*).
- Suas flores são ressupinadas.
- Sua sépala dorsal é livre e voltada para a frente.
- Suas sépalas laterais são mais longas que as demais estruturas da flor, e são torcidas próximo a base, fazendo que as mesmas sempre se apresentem voltadas para a frente, sobre o labelo.
(4*) Umbela: termo botânico aplicado a inflorescências nas quais os pedicelos partem de um ponto central. Em termos populares são chamadas de inflorescências em forma de guarda-chuva.
Inflorescência tipo umbela
Imagem retirada da internet – Site: https://pt.wikipedia.org/wiki/Umbela
Bulbophyllum guttulatum é uma orquídea originária da paradisíaca região do sudeste asiático, mais especificamente do sudeste da China, principalmente na província de Yunnan, englobando ainda a região nordeste da Índia, Nepal, Bangladesh, Butão, Mianmar, Laos, Cambodja, Vietnã e a região peninsular da Tailândia.
Bulbophyllum guttulatum – Ocorrência
Imagem retirada da internet – Site: www.gifex.com/fullsize1-en/2009-11-18-11171/Asia_Map.html
Em seu habitat esta maravilhosa orquídea vegeta de forma epífita, fixada em árvores de florestas sombrias e úmidas localizadas em altitudes compreendidas entre 800 e 2500 metros.
As encostas da Cordilheira do Himalaia são o principal reduto e centro de dispersão desta orquídea:
Cordilheira do Himalaia
Imagem retirada da internet – Site: https://https//pt.wikipedia.org/wiki/Himalaias
Como citado anteriormente existem poucos híbridos intergenéricos mas muitos intragenéricos envolvendo espécies de Bulbophyllum. E não é diferente com a planta do dia. Abaixo apresento lista com sete lindos híbridos envolvendo Bulbophyllum guttulatum:
Amiúde a planta do dia é confundida com um “parente” próximo, o Bulbophyllum umbellatum, planta “tipo” da seção Brachyantha de Bulbophyllum. Porém, existem diversos pequenos detalhes que podem ser observados para uma correta diferenciação, como o comprimento das hastes florais, que no caso do Bulbophyllum guttulatum são bem mais longas, ultrapassando o comprimento das folhas.
Bulbophyllum umbellatum
Créditos fotográficos: Kuo-Chu Yueh – Bulbophyllum umbellatum 繖花捲瓣蘭(繖形捲瓣蘭)(傘花捲瓣蘭), CC BY-SA 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=82460403
A orquídea do dia é uma planta epífita e de médio porte que apresenta forma de crescimento simpodial. Possui rizoma longo, rastejante e ramificado com aproximadamente 0,4cm de diâmetro e com raízes cobertas por tecido velame. Os pseudobulbos são bem definidos, monofoliados e dispostos de forma bem espaçada sobre o rizoma, normalmente entre 1,5 e 2,5cm. Apresentam formato ovóide, lisos quando novos tornando-se levemente sulcados longitudinalmente com o passar do tempo. Em termos dimensionais estes possuem, em média, 4,6cm de comprimento por 1,7cm de largura em sua parte mais larga.
Bulbophyllum guttulatum – Detalhes dos pseudobulbos
Planta de minha coleção
Créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
As folhas do Bulbophyllum guttulatum surgem do ápice dos pseudobulbos, são grossas, conduplicadas, coriáceas e de formato elíptico, apresentando uma tonalidade escura de verde. Em média apresentam 16,0cm de comprimento por 3,0cm de largura.
As inflorescências são muito interessantes. Longas, eretas e finas hastes florais que se originam da base dos pseudobulbos, suportando uma linda inflorescência do tipo umbela com 4 a 8 magníficas flores. Em termos de medidas estas hastes podem chegar a 30,0cm de comprimento por menos de 2,0mm de diâmetro, muito longas e muito finas em proporção ao tamanho da planta.
Na figura abaixo mostro as citadas estruturas:
Bulbophyllum guttulatum – Estruturas da planta
Planta de minha coleção
Créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
As flores são um verdadeiro espetáculo. Possuem aproximadamente 2,0cm de diâmetro, são ressupinadas e apresentam o típico formato estrelado, com sépalas bem mais largas e longas que as pétalas, todas de formato elíptico. A sépala dorsal e as laterais são voltadas para a frente, como querendo abraçar, proteger o labelo. Em termos de cores as citadas estruturas esbanjam um lindo pintalgado de cor marrom-avermelhado sobre um fundo amarelo. Deslumbrante. O labelo é pequeno, simples, carnudo e articulado, de formato linguiforme (5*) e de cor predominantemente branca com pintas e máculas de cor rosa. Um conjunto fenomenal.
(5*) Linguiforme: em forma de língua.
Bulbophyllum guttulatum – Estruturas florais
Planta de minha coleção
Créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
Na foto abaixo, perfil da flor, mostro as sépalas dobradas para a frente sobre o labelo, o que, como já comentado, é típico das flores da seção Brachyantha de Bulbophyllum.
Bulbophyllum guttulatum – Vista lateral da flor
Planta de minha coleção
Créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
E para fechar o descritivo desta fascinante orquídea, uma foto da flor de Bulbophyllum guttulatum próxima a uma moeda de um Real, para dar uma boa noção do seu tamanho.
Bulbophyllum guttulatum – Tamanho
Planta de minha coleção
Créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
Por sua diminuta área de ocorrência, pelo avanço da especulação imobiliária, pela expansão das fronteiras agrícolas, pelas queimadas e, principalmente pela ação predatória do homem com a coleta irregular de exemplares para fins ornamentais e comerciais, Bulbophyllum guttulatum é mais uma das tantas orquídeas pertencentes ao temido rol das plantas com risco de extinção (Apêndice II). Esta lista é gerada pela CITES (inglês: Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora – português: Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção).
CITES – Logotipo
Imagem retirada da internet – Site: https://mondodeirettili.blogspot.com/2012/04/cites-che-cose.html
A seguir relaciono algumas orientações sobre cultivo para quem tiver ou quiser adquirir esta planta:
- Trata-se de uma planta vigorosa que se adapta bem a vários tipos de cultivo. Pode ser cultivada em cascas ou troncos de árvores, como eu faço e recomendo, ou ainda em vasos plásticos ou caixetas de madeira. Para estes últimos casos recomendo a preparação de um substrato confeccionado com partes iguais de carvão vegetal, casca de pinus, pedra brita e esfagno.
- Vale destacar que a grande maioria dos Bulbophyllum precisa de muita umidade. Por este fato é que sugeri no item anterior a inclusão de esfagno no substrato.
- A periodicidade das regas vai depender de vários fatores, tais como do substrato utilizado, temperatura, umidade ambiente, vento, etc. Porém, se você utilizar o substrato que sugeri no parágrafo acima, então recomendo regas diárias em períodos quentes, e dia sim dia não em períodos frios.
- Diminua um pouco o volume das regas durante o outono e principalmente no inverno.
- Procure cultivar esta orquídea em local com boa ventilação. Ambientes fechados e abafados representam um irrecusável convite para pragas como ácaros, cochonilhas, pulgões e percevejos, que perfuram as diversas estruturas da planta abrindo passagem para a entrada de fungos, bactérias e vírus.
- Esta planta aprecia uma boa sombra e não suporta exposição direta a raios solares. Recomendo cultivo com sombreamento em torno de 50 a 60%.
- Em termos de temperatura sugiro cultivo entre 10 e 35 graus. Proteja esta planta nos dias mais rigorosos do inverno.
- Pode ser dividida como quase todas as orquídeas de crescimento simpodial, cortando o rizoma e deixando pelo menos 3 ou 4 bulbos em cada parte da divisão.
- Uma boa adubação também é indispensável. Faça isto periodicamente respeitando as orientações dos fabricantes.
Aqui na região sul do Brasil floresce normalmente em pleno do outono e cada floração dura aproximadamente duas semanas.
E agora para finalizar algumas fotos do exemplar de minha coleção, cultivado fixado sobre uma casca de árvore:
Bulbophyllum guttulatum
Propriedade e créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
Bulbophyllum guttulatum
Propriedade e créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
Bulbophyllum guttulatum
Propriedade e créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
Bulbophyllum guttulatum
Propriedade e créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
Bulbophyllum guttulatum
Propriedade e créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
Bulbophyllum guttulatum
Propriedade e créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
Bulbophyllum guttulatum
Propriedade e créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
Bulbophyllum guttulatum
Propriedade e créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
Bulbophyllum guttulatum
Propriedade e créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
Bulbophyllum guttulatum
Propriedade e créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
Bulbophyllum guttulatum
Propriedade e créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
Bulbophyllum guttulatum
Propriedade e créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
Bulbophyllum guttulatum
Propriedade e créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
Bulbophyllum guttulatum
Propriedade e créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
Bulbophyllum guttulatum
Propriedade e créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
Bulbophyllum guttulatum
Propriedade e créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
Bulbophyllum guttulatum
Propriedade e créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
Bulbophyllum guttulatum
Propriedade e créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
Bulbophyllum guttulatum
Propriedade e créditos fotográficos: Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)
IMAGENS: fonte pesquisa GOOGLE
Este blog é dedicado a pessoas que, como eu, amam e cultivam orquídeas. Meu objetivo com este trabalho é conhecer pessoas, divulgar e trocar informações sobre estas plantas.
É uma atividade amadora e sem fins lucrativos.
Se você encontrar alguma foto de sua autoria neste blog, e desejar a remoção, por favor envie um e-mail para que a mesma seja retirada imediatamente. Obrigado.
IMAGES: GOOGLE search
This blog is dedicated to people who, like me, love and cultivate orchids. My goal with this job is meeting people, disseminate and exchange information on these plants.
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Sai lindas as Bulbophyllum. Tenho aprendido bastante com você. Obrigada por compartilhar. Abraços. Bom domingo
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Obrigado querida Bia. Sempre acompanhando meu blog. Um abraço muito sincero e apertado.
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Parabéns show, mais uma que não conhecia 👍👍👍
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Valeu Adir. Muito obrigado pela participação.
Um abraço enorme.
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Ontem em nosso passeio ao Orquidário Reinheimer na Estrada Bonita, fui com foco de agragar em nossa coleção em casa mais Bulbophylluns… Foi especial ler sua aula hoje, pois só faz aguçar minha vontade de continuar nesta empreitada! Parabéns pela aula de número 400!
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Mil obrigados querido amigo. Tudo isto só foi possível graças a tua ajuda.
Um beijo grande no coração.
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Parabéns por esta aula de n. 400. Representa muito trabalho, estudo e dedicação. Ensinar e passar tanto conhecimento por estes anos merece respeito e admiração. Obrigada e parabéns por este blog, por aulas maravilhosas e pela dedicação.
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Muitíssimo obrigado. Um grande incentivo. Beijo enorme.
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Ótimo post. Bulbophyllum é o meu gênero preferido de orquídea, tenho vários em casa.
Esses híbridos intergenéricos são quase uma lenda mesmo, tirando os híbridos com cirropetalum (que costumava ser bulbophyllum também). Esse Bulborobium parece ser o mais curioso. Se for realmente possível, isso abriria muitas possibilidades de hibridização. Mas já venho pesquisando esses híbridos há um bom tempo e apesar de terem plantas registradas como esse tipo de híbrido, é impossível achar fotos.
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Obrigado pelo incentivo. Realmente é difícil encontrar híbridos intergenéricos. Pesquisei muito antes de escrever as aulas.
Agradeço muito pela participação, e espero que você envie fotos de tuas orquídeas.
Um grande abraço.
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