Paphiopedilum sanderianum

 

Esta é a 250ª postagem neste blog. E, para comemorar, hoje vou falar de uma das mais lindas e impressionantes plantas de toda a família Orchidaceae. Uma planta cujas flores tem labelo em forma de bolsa, uma grande e vistosa sépala dorsal com incrível desenho e combinações de cores e, principalmente, uma flor com longas pétalas onduladas que dão o toque final ao conjunto. Estou falando do Paphiopedilum sanderianum

  

… um show de sapatinho

 

Paphiopedilum é um gênero botânico, descrito em 1886 pelo botânico alemão Ernst Hugo Heinrich Pfitzer (1846 – 1906).

Pfitzer foi um renomado professor da Universidade de Heidelberg, a mais antiga da Alemanha, fundada em 1803, e foi um fiel defensor do trabalho de Carl Nilsson Linnaeus, já estudado neste blog. Embora pouco mencionado em estudos de orquidologia, Pfitzer publicou muitos artigos técnicos e classificou muitas plantas.

 

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Universidade de Heidelberg

Imagem retirada da internet – Site:
http://verdadesecontroversas.blogspot.com.br/2014/07/faculdades-mal-asombradas-universidade.html

 

Este gênero compreende cerca de cem espécies, distribuídas desde a Índia até a China e Ilhas Salomão. São todas plantas de crescimento simpodial e habitat predominantemente terrestre, com algumas poucas adaptações epífitas ou rupícolas.

O nome deste gênero deriva da latinização de duas palavras gregas: paphos, cuja tradução sería “epíteto de Vênus” (títulos sagrados usados no culto da deusa romana Venus); e pédilon, que significa “sandália”, numa referência à forma de seu labelo.

No Brasil as orquídeas deste gênero são conhecidas popularmente como “sapatinhos” e, embora menos frequente, existem algumas regiões de nosso país onde estas plantas são chamadas de “queixudas”. Em outros países, são conhecidas como “Venus slipper”, cuja tradução é “sandália de Vênus”, ou ainda como “lady´s slipper”, que significa “chinelo de senhora”.

Muitas pessoas erroneamente acreditam que as orquídeas conhecidas como “sapatinhos” são plantas carnívoras. Isto se deve ao fato do labelo, com aparência de bolsa, ser parecido com o formato típico das plantas do gênero Nepenthes, da família Nepenthaceae, que possuem folhas modificadas em formato de jarro e que estas sim, são carnívoras, alimentando-se de insetos, aracnídeos e até de pequenos passarinhos. Não existem orquídeas carnívoras!

 

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Nepenthes alata  (planta carnívora)

Imagem retirada da internet – Site:
http://www.onlineplantguide.com/Plant-Details/1758/

 

Muitos colecionadores se dedicam exclusivamente ao cultivo de “sapatinhos”. De forma simpática são conhecidos no meio da orquidofilia como “sapateiros”.

Aliás, estes “sapatinhos” são plantas pertencentes à família Orchidaceae, e estão agrupados na subfamília Cypripedioideae, composta por 5 gêneros e aproximadamente 130 espécies, que habitam regiões temperadas do mundo, principalmente da Ásia, e com algumas poucas na América tropical. Estes gêneros são:

  • Cypripedium
  • Mexipedium
  • Paphiopedilum
  • Phragmipedium
  • Selenipedium

 

Cypripedioideae - Distribution map - journal.pone.0038788.jpg

Distribuição geográfica da subfamília Cypripedioideae

Imagem retirada da internet – Site:
https://en.wikipedia.org/wiki/Cypripedioideae

 

Dos cinco gêneros citados, no Brasil só encontramos Paphiopedilum e Phragmipedium. Os outros três gêneros são muito difíceis de cultivar fora de seu habitat natural.

Estas plantas normalmente são caras, e este fato se justifica pelo fato de não ser possível a clonagem delas, sendo necessária a reprodução por semeadura, que pode levar de 6 a 10 anos para obtenção da primeira floração.

O curioso formato destas plantas é caracterizado por um labelo que se assemelha a uma taça, ou uma bolsa, com uma destacada, colorida e grande sépala dorsal proeminente, e com as sépalas laterais parcial ou totalmente fundidas (sinsépalas).

Aliás, o típico formato das flores destas orquídeas, nada mais é do que uma poderosa armadilha para atrair polinizadores no intuito de preservar a espécie. O incrível colorido das flores atrai insetos que acabam caindo dentro da “bolsa”, cuja superfície interna é extremamente escorregadia, obrigando estes a sair pela região interna do labelo que possui pilosidades, obrigando o inseto a passar perto das polínias. Fantástico.

Ainda, a sépala dorsal, bem maior que as demais estruturas florais, tem a nobre função de proteger o labelo da chuva, evitando que este encha de água podendo carregar suas polínias. Enfim… uma impressionante e eficiente obra de engenharia.

Para quem gosta do tema recomendo adquirir o volume 8 da Coleção RubiOrquídeas da Natureza, da Editora Europa, cujo tema é justamente as plantas conhecidas como “sapatinhos”. Aliás, recomendo toda a coleção. Livros de alta qualidade gráfica, com conteúdo espetacular sobre orquídeas e com preço muito acessível.

Coleção Rubi – Orquídeas da Natureza  –  volume 8  – Sapatinho

Imagem retirada da internet – Site:
www.europanet.com.br/livraria/natureza-e-paisagismo/colecao-rubi-volume-8-orquideas-sapatinho/

 

Agora a planta do dia. Mais uma das tantas maravilhas da natureza. O espetacular Paphiopedilum sanderianum, com certeza um dos mais belos de todo o gênero.

Esta  planta descrita em 1886,  pelo botânico alemão Heinrich Gustav Reichenbach (1823 – 1889), com o nome de Cypripedium sanderianum.

Reichenbach foi um dos mais renomados orquidófilos da época e, até os dias atuais, muitos acreditam que ele foi o botânico mais importante para a orquidológia, atrás apenas de John Lindley.

Reichenbach identificou, descreveu e classificou mais de mil espécies de orquídeas e, durante sua brilhante carreira, chegou a ser diretor do Jardim Botânico da Universidade de Hamburgo, na Alemanha.

O nome desta espécie é uma homenagem ao orquidólogo alemão Henry Frederick Conrad Sander (1847 – 1920).

Sander ficou mundialmente reconhecido quando lançou a fantástica obra “Reichenbachia”, em homenagem a Heinrich Gustav Reichenbach, com textos em inglês, francês e alemão, e um tamanho gigantesco (678 x 510mm), com desenhos de orquídeas em tamanho real. Eram três volumes de aproximadamente 100 páginas cada um, encapados e amarrados com couro.

 

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Reichenbachia – Uma obra prima da orquidofilia

Imagem retirada da internet – Site:
https://auctions.bidsquare.com/view-auctions/catalog/id/369/lot/136619

 

Sinonímia: Cordula sanderiana; Cypripedium foerstermanni; Cypripedium sanderianum e Paphiopedilum sanderanum.

O Paphiopedilum sanderianum é uma planta de hábito predominantemente rupícola, originária da cidade de Miri, no noroeste de Borneu (Oceania), onde atualmente está estabelecido o Parque Nacional de Gunung Mulu.

 

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Foto ilustrativa de Paphiopedilum sanderianum vegetando em encosta rochosa no Parque Nacional de Gunung Mulu

Foto retirada da internet – Site:
http://www.flickriver.com/photos/jvinoz/6275816153/

 

 

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Mais uma foto de Paphiopedilum sanderianum vegetando de forma rupícula no Parque Nacional de Gunung Mulu

Foto retirada da internet – Site:
www.gardenbanter.co.uk/orchid-photos/158888-paphiopedilum-sanderianum-burial-cave-x-5-a.html

 

 

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Parque Nacional de Gunung Mulu

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https://asiatours.co/attractions/gunung-mulu-national-park.html

 

 

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Imagem retirada da internet – Site:
http://sociedadecroata.com.br/lista-do-patrimonio-mundial-da-unesco-na-croacia/

 

 

Este parque é um Patrimônio Mundial da UNESCO, e é famoso por seus 300 quilômetros de cavernas com formações cársticas. É lá que encontramos a Gruta de Sarawak, a maior do mundo, com mais de 700 metros de profundidade. Fauna e flora deslumbrantes. Uma das regiões que, junto com Madagascar, mais almejo conhecer.

 

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Gruta de Sarawak

Imagem retirada da internet – Site:
http://www.copasturprime.com.br/5-patrimonios-da-humanidade-localizados-no-sudeste-asiatico/

 

Em seu reduto esta orquídea vegeta fixada em falésias de calcário cobertas de musgo, sempre em altitudes que variam entre 200 e 1000 metros.

Planta de pequeno porte, crescimento simpodial e muito ornamental, mesmo quando desprovida de flores. Possui rizoma compacto e não tem pseudobulbos. Um imperceptível caule com raízes carnosas e delicadas, coberto por folhas lanceoladas de aproximadamente 30cm de comprimento e que se armam em forma de “leque”.

A inflorescência é terminal em hastes de até 40cm de comprimento, suportando entre 2 e 5 flores de aproximadamente 9,0cm de diâmetro (sem contar as pétalas).

A sépala dorsal é de cor verde brilhante densamente rajada de marrom escuro, e as sépalas laterais (sinsépalas) são de cor verde claro. As pétalas são onduladas, podem passar de um metro de comprimento, e são de cor verde amarelado pintalgado de vermelho. O labelo tem a tradicional forma de “bolsa”, e a cor predominante é o marrom. Um show de flor. Cores fortes e vibrantes harmoniosamente dispostas formando uma “pintura” de rara beleza.

Por suas formas e cores esta planta é muito utilizada na geração de híbridos. Cito a seguir alguns poucos exemplos destacados de um imenso rol de combinações. Se alguém quiser uma relação mais rica em informações é só solicitar via blog ou e-mail.

  • Arsand Shigeta = Paph. sanderianum x Paph. armeniacum
  • Angelina Krüger = Paph. sanderianum × Paph. haynaldianum
  • Memosia Doctor Fowlie = Paph. sanderianum × Paph. liemianum
  • Chiu Hua Dancer = Paph. gigantifolium × Paph. sanderianum
  • Edmond Samuel Ritter = Paph. charlesworthii × Paph. sanderianum
  • Doll Dancer = Paph. Maudiae × Paph. sanderianum

Seguem algumas recomendações para cultivo:

  • Apesar de se tratar de uma planta de hábito predominantemente rupícola, sugiro a confecção de um substrato rico em matéria orgânica. Recomendo a utilização de vasos de plástico, e com substrato poroso composto por partes iguais de húmus, pedra brita, casca de pinus e carvão vegetal (os dois últimos bem triturados).
  • Como esta planta é originária de regiões com rochas calcárias, podemos acrescer pedaços de conchas, ou cascas de ostras trituradas ao substrato. Ou ainda, para facilitar esta tarefa, podemos acrescer um pouco de areia grossa ao substrato.
  • Ainda, esta orquídea não possui pseudobulbos, para acúmulo de macro e micro-nutrientes, precisando de mais água e adubação que o normal. Mantenha o substrato sempre úmido mas nunca encharcado.
  • O Paphiopedilum sanderianum precisa de boa sombra e temperaturas amenas. Recomendo cultivo em lugares com 50 a 60% de sombreamento, e temperaturas entre 5 e 35 graus. Nunca exponha esta planta a sol pleno e proteja a mesma nos dias mais rigorosos do inverno.

Floresce na primavera e sua floração dura entre 20 e 30 dias.

A seguir mostro algumas imagens desta estupenda orquídea:

 

 

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br.pinterest.com/pin/481744491375537216/

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http://www.slippertalk.com/forum/archive/index.php/t-32024.html

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http://www.slippertalk.com/forum/archive/index.php/t-32024.html

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www.orchideenwlodarczyk.de/shop/catalog/paphiopedilum-sanderianum-p-294.html

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http://www.flickriver.com/photos/pnorchids/5473116630/

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www.orchidweb.com/products/paph-sanderianum-red-petal-~2960.html

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www.flickr.com/photos/jvinoz/4664763551

 

 

 

 

IMAGENS: fonte pesquisa GOOGLE

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IMAGES: GOOGLE search

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10 pensamentos sobre “Paphiopedilum sanderianum

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